quarta-feira, abril 25, 2007

Carlos Drummond de Andrade

Quero

Quero que todos os dias do ano
todos os dias da vida
de meia em meia hora
de 5 em 5 minutos
me digas:
Eu te amo.
Ouvindo-te dizer:
Eu te amo,
creio, no momento,
que sou amado.
No momento anterior
e no seguinte,
como sabê-lo?
Quero que me repitas até a exaustão
que me amas
que me amas
que me amas.
Do contrário evapora-se
a amação
pois ao dizer:
Eu te amo,
dementes apagas
teu amor por mim.
Exijo de ti o perene comunicado.
Não exijo senão isto,
isto sempre,
isto cada vez mais.
Quero ser amado por
e em tua palavra
nem sei de outra maneira
a não ser esta
de reconhecer o dom amoroso,
a perfeita maneira de saber-se amado:
amor na raiz da palavra
e na sua emissão,
amor saltando
da língua nacional,
amor feito som
vibração espacial.
No momento em que não me dizes:
Eu te amo,
inexoravelmente sei
que deixaste de ama-me,
que nunca me amaste antes.
Se não me disseres urgente repetido
Eu te amo
amo
amo
amo
amo,
verdade fulminante que acabas
de desentranhar,
eu me precipito no caos,
essa coleção de objetos de não-amor.

Carlos Drummond de Andrade

Olha que imagem linda de Drummond na praia, essa foto é um presente da minha amiga Geise, que esteve lá e trouxe essa foto pra mim. Obrigada. Amei a foto!!!

Um comentário:

Anônimo disse...

Miga!!!Pensa na cena...estava na sacada do HOtel, em Copacabana, quando vejo na calçada Drummond sentado a beira mar...não excitei, desci as pressas e fui fotografar especialmente para vc...Viu? Não esqueci de vc. Não dá para trazer o mar, mas trouxe toda energia daquela CIDADE MARAVILHOSA!!!!!!!!
Beijos que vc sabe q tá corrido...afinal, tenho outra mala para arrumar, grupos para organizar...rss
Beijos, GEISE